Palavras que terminam com "eza" são legais... Pode pensar aí que existem várias: beleza, esperteza, medonheza e, claro, princeza.
Mas esse par, pobreza-safadeza, é o mais impressionante. O cara "pobre" (classe média média para baixo) é o ser mais safado que pode haver com seus iguais. É impressionante. Dentro de um ônibus fingi não ver o estudantes com cadernos ou a velhinha em pé, se vc está pedalando, os carros que te fazem temer pela vida são aqueles fiestas, corsas, palios e gols antigos... se param para falar mal de alguém, é dos vizinhos...
Sempre acreditei nessa relação nessa camada da população, e só venho a ter mais certeza disso. Estou indo ao estágio de bike, e minha bike não é um exemplo bom de bike, seu guidon é alto, sua cor, uma espécie de rosa escuro, está queimada, o bagageiro está pintado de preto para esconder a corrosão, e sua correntes e todo o sistema de engranagem, também no processo de enferrujar. Mas a Magali é confortável!
Então, recentemente fui trabalhar no fator crucial da engranagem e resolvi pedir um pouco de óleo numa das oficinas que existem no caminho. Parei, vi um cabra da oficina saindo do fundo da loja (onde ocorre o mão na massa) e vindo para o balcão.
-Opa, bom dia... vc poderia me passar o óleo para por um pouco aqui na corrente?
-An?
-Passar um óleo aqui na corrente que tá enferrujada.
-Espere
E o elemente criminoso foi no balcão.... fiquei uns 2minutos com cara de idiota com enfase. Qd ele saiu voltei a retrucar...
-E então amigo?
-Ah rapaz, o óleo acabou.
-Beleza, valeu.
Fiquei imaginando como seria um trabalho numa oficina sem óleo... seria tipo um professor ir dá aula sem quadro, um aluno ir pra aula sem caderno, um engenheiro se formar sem usar calculadora, um cara ter um carro sem volante... imaginei mil coisas no relés trajeto de volta. E fiquei impressionado: o cara me viu de bike, o que desde já ele deveria encarar com um cliente em potencial, mas ainda assim negou uma porra de óleo de máquina. A minha conclusão final foi que, se pudesse, enfiaria no cú desse rapaz 2litros de óleo de máquina enquanto gritava no ouvido dele: "Seu féla da puta burro!! vá ser ruim assim na casa do caraleo seu marico viado!! Tá vendo óleo aqui? Vc vai engolir tudo agora!!!"
Aí depois pensei que isso era bastante doentio... aí apertei a pedalada com mais força.. o desgaste físico direciona a mente.... isso é legal.
Mas depois retomei esse pensamento, de porquê negar gotas de óleo... imaginei se tivesse parado de carro, um carro bom e do ano, se o comportamento seria o mesmo. E acredito que não seria.
O tratamento entre iguais é muito sutil... parece que quando há algum tipo de identicação social, há imediatamente uma vontade de se sobressair.
"Ambos pegamos ônibus, mas eu estou sentado. Rá"
"Ambos dependemos de uma bike, mas quem possui ferramentas e acessórios sou eu. Rou"
"Votar em político classe média? Nem... o que ele vai querer roubar só sabe Deussss. VOu votar é no rico logo que rouba menos pq já possui mais." (isso eu já ouvi mesmo).
Vc está lá para subir no buzu, qd uma senhora via descer pela porta da frente... vc a espera enquanto percebe um elemento correndo para pegar no buzu, quando a senhora desce, o corredor passa a sua frente e sobe como se voce fosse um manequim..... esse povo é horrível, esse comportamento é sofrível e está acima do limite da educação, pois, ao meu ver, é uma percepção de vivência mesmo. Pessoas que parecem não saber viver e não ter ouvido ainda música de Titãs, pessoas cujas ausência nessa Terra provocaria uma grande vantagem (são essas que lavam a calçada com água correntes pq o vizinho tbm faz).
Agora, eu vejo que pode não ser necessariamente uma espécie de "safadeza", mas burrice mesmo.
Odeio gente burra, só faz atrasar a vida.